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Derrubando o mito da magreza

Se existe algo quase imutável na moda seria a “lei” de que as modelos precisam ser bem magras porque apenas as quase desprovidas de curvas conseguem “sustentar” o caimento perfeito de uma roupa. Chuto que, desde a febre da Twiggy nos anos 60, este padrão está em vigência. Mas, se repararmos nas modelos dos anos 50, eram todas bem magrelas. Talvez apenas a mulher do Worth, considerada a primeira modelo da história da moda, não se encaixasse neste padrão, porque no século XIX, magreza ainda era sinal de doença.

Ok, os psicos com ossos podem afirmar que hoje a moda gosta de modelos voluptuosas como a Gisele, mas oi? Gisele tem 1,80 e alguns e deve pesar uns 54kg. Isso ainda é ser muito magro. Eu mesma, tenho 1,75m e (até a última vez que me pesei) 59kg e já me acho um vara pau, imagina alguém 10cm mais alta? Até mesmo quando você aprende a fazer desenho de moda, a bonequinha é mais alongada do que um ser humano com medidas mais comuns – a roupa que usamos, na maioria das vezes, é criada a partir de algo que não existe.

Infelizmente, a mundo da moda (leia-se mídia + marcas que colocam apenas tamanhos pequenos nas lojas) tem um poder de influência sobre a cabeça das mulheres muito grande. O que era uma exigência (cruel) profissional, virou uma exigência para a vida. Me atrevo a dizer que 80% das minhas amigas são encucadas ou tem algum tipo de paranóia com o peso. São todas lindas, bem-amadas e vítimas constantes das minhas broncas sobre essa CHATICE de dieta.

Não me venham falar que acho um porre porque sou magra, mas eu já tive quase 70kg e fiquei um tempo sem achar roupa pra mim porque calça 44 era artigo de luxo.  Mas eu não me achava feia ou fazia qualquer coisa para perder o peso. Emagreci 10kg aos poucos e por levar um estilo de vida completamente junkie. Eu fiquei com cara de doente (meu pai chegou a pedir exames hahahaha), o cabelo ficou uma droga, a pele uma merda, enruguei, as amigas faziam comentários bem maldosos e os homens riam dos meus ossos. Já falei duas vezes sobre a chatice de ser magra no blog, aqui e aqui.

Por isso eu sou defensora ferrenha das carnes, das gorduras e das celulites. Até mesmo do meu joelho super gordo eu tiro sarro e já adquiri fama (é um dos itens mais buscados no Google que entram no blog hahahah). Sou contra à comilância desenfreada e à gordura insalubre porque isso é uma questão de saúde. Mas não entendo porque uma monte de menina fica deixando de comer coisas gordurosas e comendo só artigos naturebas e não param de fumar, por exemplo, um hábito muito mais nocivo do que ter culote.

Talvez estamos mudando, já que a “gordinha” Lara Stone é A modelo do momento, endeusada por todo mundo. Mas, às vezes acho que é a Moda tentando dar uma disfarçada de politicamente correta e não vai passar de uma fase. Os profissionais da área têm isso entranhado na cabeça (e posso falar? Muita inveja também, alguém já viu casting de modelo, que aula de delicadeza? NOT!)

Toda essa introdução para dizer que Terry Richardson fotografou um editorial para a V Magazine com duas modelos: uma magrela e outra mais “cheinha”, ambas com a MESMA produção. Vocês podem conferir as fotos no Fashionista e no Fashion Gone Rogue. Sem demagogia, eu prefiro todos os looks na mais “cheinha”, menos o que ela esta de camiseta preta e agachada, mas porque achei a pose meio funk.

Então, fica a dica de final do ano para as leitoras: CURVAS SÃO LEGAIS! Coma com prazer, pela sua saúde, pelo seu nível de serotonina, pelo bem da sua vida social! Melhore sua personalidade, seja uma pessoa mais legal, mais interessante, MAIS INTELIGENTE, não uma Barbie complexada.