Tangível ou intangível?

Sim, podem me acusar de blogueira relapsa, mas o ano começou e os afazeres profissionais (oficiais), o projeto final da pós e os afazeres domésticos estão tomando muito meu tempo, por isso eu reduzi o blog a posts rapidinhos com brincadeirinhas, e bla bla bla.  Mas bora falar de Fashion Rio?

Aprendi em aulas de Marketing de Moda na pós que as tendências de consumo podem ser divididas em dois tipos: tendências tangíveis, que são aquelas que nascem a partir da matéria-prima de que o produto é feito e de novas máquinas, tecnologias. Por exemplo: a estamparia digital foi ficando mais fácil de ser feita e mais barata e os estilistas podem usar mais. O outro tipo de tendência seria a intangível, que são aquelas inspiradas em análises socio-culturais e que “leem” as vontades dos consumidores.

Hoje em dia, na moda, costuma-se dizer que as tendências acabaram, mas eu não concordo. É impossível ter uma indústria de moda sem tendência – tangível ou intangível. O que existe hoje é uma opção enorme de estilos e você tem a liberdade de escolher o que quiser e misturar com o que quiser. Mas não é possível ficar totalmente livre das tendências, afinal, as marcas não produzem seus próprios pigmentos, tecidos, aviamentos.

Se a indústria têxtil resolveu apostar em apresentar aos seus clientes (confecções, marcas, etc) uma gama imensa de lurex ou de tecidos com brilho na trama, provavelmente, a maioria vai adotar. E por que o lurex? Não sei, talvez tenham desenvolvido uma nova máquina, um novo tipo de fio, uma nova misutra de fios para fazer este tecido (tendência tangível). Ou então, algum bureau detectou esta vontade de brilho e esses ares de anos 70 e disse: apostem no lurex (tendência intangível). Ou a mistura dos dois fatores.

Não sei o que aconteceu, mas foi MUITO lurex no Fashion Rio. Não apenas o lurex, que seria fios de malha com fios metalizados, com brilho, mas também tecidos planos com fios brilhantes na trama, tricô, glitter, etc. Resumindo: brilho. Vamos ver como será no SPFW. Até procurei alguma marca internacional que tenha feito algo com lurex ultimamente, mas só achei um desfile de inverno da Anna Sui bem antigo, não imagino que estejam se “inspirando” nele só agora.  Por isso, sinto que, querendo ou não seguir tendências, a oferta de peças de lurex no inverno tende a ser bem grande. Vamos ver quem usou?

     Coven

    Nica Kessler

    Meias de lurex e sapato com textura parecida da Cavendish

    O desfile quase inteiro da Lanv…ops! Printing. Quase todos os tecidos usados tinham fios metalizados na trama

    O tricô belíssimo do Lucas Nascimento

    Cantão, também com fios dourados na trama desta lã fria(é o que parece, é isso mesmo?) xadrez das peças de alfaiataria

     Não é exatamente lurex, mas lã felpudinha com fios metalizados da Andrea Marques (um dos meus desfiles preferidos do Fashion Rio)

fotos: Agência Fotosite (Portal FFW)

5 comentários em “Tangível ou intangível?”

  1. márcia, alguém deve ter usado…, em outubro na zara, em lisboa, tinha montes de lurex!!!

    bjo, bjo!!

  2. Oi Marcia, o Fashion Rio estava lotadíssimo de tendênciassss!

    Mas nao curti muito o masculino não… eu fiquei bem empolgado com a Casa de Criadores, que achei q o FR ia ser bem melhor!

  3. Oi Marcia!!
    Sempre passo por aqui pra dar uma olhadinha no que você anda escrevendo/pensando
    tenho pensado muito em escrever um blog pra organizar meus pensamentos,queria que você soubesse que este blog será super inspiração pra mim.
    Um dos poucos lugares onde ainda se encontra originalidade,franqueza,personalidade e tudo isso sem afetação.Parabéns!!

  4. Texto incrível, Márcia! Você conseguiu explicar (e exemplificar) muito bem as diretrizes da industria têxtil juntamente com as macrotendências, que lêem o comportamento e a vontade do público como ninguém. Adoro a linguagem que você usa, longe de glamourismos e com total pé no chão. Parabens. Mesmo.

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